26 de jan. de 2009

O futuro da inovação por Rafael Clemente!

O futuro da inovação é algo a ser moldado por diferentes forças. Atualmente inovação é palavra de moda em todos os discursos de líderes empresariais, é tema de capa de uma em cada três edições de revistas de negócios e tem sido considerada uma das principais alternativas para virar o jogo na atual conjuntura econômica. Um dado do presente, divulgado em uma pesquisa de uma grande consultoria, mostra que dos milhares de excutivos consultados, mais de 70% colocam a inovação como uma das três prioridades estratégicas de sua companhia, entretanto menos da metade desses executivos estão satisfeitos com as iniciativas que vêm empreendendo. O que se pode constatar aqui, é que apesar de existir um razoável consenso sobre a importância da inovação, as abordagens para desenvolve-la e gerí-la ainda estão muito aquém do aceitável, aspecto esse que me parece fundamental para moldarmos como o futuro da inovação se comportará. Neste sentido, buscarei aqui abordar algumas forças que, acredito eu, moldarão a agenda da inovação nos próximos anos.
A primeira diz respeito as novas fontes de energia e a sustentabilidade ambiental. A pressão social por produtos mais amigáveis ao meio ambiente e as crescentes imposições legais aos produtos não ecológicos vão desencadear uma onda de inovações em todas as etapas da cadeia produtiva, com impactos desde a produção (e cada vez menos extração) dos insumos, até o reuso e descarte dos produtos. Isso, sem duvida exigirá novas formas de produção, novas lógicas de uso e uma abordagem completamente nova dos ciclos de vida dos produtos. As novas energias geram o mesmo tipo de efeito, em que não basta pensar nos mesmos sistemas sendo alimentados por fontes diferentes, e sim, em novos tipos de sistemas, novos motores, novas formas de produção, suprimento e consumo. Esse potencial efeito cascata trará implicações em inúmeros componentes, produtos, processos e setores.
A segunda grande força está na crescente participação dos consumidores no processo de criação e difusão. Crescentemente as empresas estão perdendo o monopólio no provimento de novos produtos para comunidades de usuários que se engajam no desenvolvimento e compartilhamento de inovações, como é o caso da wikipedia e do youtube. Muitas já passaram a adotar estratégias para envolver diretamente o consumidor no desenvolvimento de seus produtos, fenômeno este que, em suas várias nuances, ainda vem sendo chamado por diferentes nomes como: co-criação de valor, crowdsourcing, democratização da inovação, open-innovation etc.. Nos próximos anos, acredito que observaremos o surgimento de inúmeras empresas com novos modelos de negócio que não estarão baseados na produção e/ou venda de um produto ou serviço ao mercado, mas sim no provimento de uma infra-estrutura que habilite os diversos atores que queiram realizar suas transações no ambiente destas redes e comunidades.
A terceira força que gostaria de destacar é relacionada a gestão. Nos próximos anos nos depararemos com um conjunto de avanços necessários para que a inovação passe a ser incorporada nos modelos de gestão como uma atividade central, e natural, do negócio. Trata-se de uma mudança paradigmática em que os modelos tradicionais, focados na melhoria de eficiência e otimização, nos quais a inovação é tratada como uma atividade a parte, não natural do dia a dia, darão lugar a modelos de gestão em que a inovação estará intrínseca as ações e rotinas diárias, sem que nenhum esforço adicional precise ser feito para colocá-la em prática. Para tal, mudanças radicais ocorrerão nas políticas de definição da estratégia, monitoramento de mercado, relação com outras empresas, gestão de risco e, em especial, no processo de alocação de recursos, que será o coração de um modelo de gestão que incorpore a inovação. Certamente, neste caso o melhor indicador que podemos ter desta evolução é quando a inovação deixar de ser tão falada e imposta, e passar a acontecer de forma natural, sem que ninguém precise lembrar que a está fazendo.
Por fim, cabe ressaltar que do ponto de vista global, assistiremos a uma crescente importância dos países emergentes como atores centrais na definição dos rumos da inovação. Por um lado, as riquezas naturais e a biodiversidade proporcionam uma base riquíssima para o desenvolvimento de novas tecnologias e, por outro, os imensos mercados internos, com particularidades culturais, restrições de renda, mas em grande crescimento, são promissoras incubadoras para o desenvolvimento de tecnologias, produtos e modelos de negócio com alto potencial de disrupção quando direcionados aos países desenvolvidos.

O futuro é promissor, agora cabe a nós construí-lo.

Até a próxima!

21 de jan. de 2009

The Story of Stuff! ou... A história das coisas!


Navegando por alguns sites de tecnologias sustentáveis me deparei com este vídeo no site The Story of Stuff. É bem interessante, tanto pelas críticas bem colocadas a nossa lógica de consumo e suas implicações no mundo, quanto pela lógica de apresentação. Esta lógica de desenhos com animação deixam qualquer apresentação muito didádica e estão bastante alinhados a algumas técnicas de "visual thinking" que venho estudando ultimamente.
Bom, como alguns reclamaram de alguns vídeos colocados aqui no labINOVE serem em inglês, achei no youtube o vídeo dublado. Seguem os dois aí abaixo! A qualidade do som do vídeo original no youtube não está tão boa, vale assistir direto no site. Lá também podem ser encontrados materiais de divulgação e a transcrição das falas.

Primeiro o original em inglês:



Agora o dublado:


Até a próxima!

14 de jan. de 2009

Globo Ciência produz série de programas sobre inovação!

O Globo Ciência produziu uma série de programas sobre inovação que irão ao ar no canal futura. São vinte programas no total e  o mais interessante é que exploram casos de empresas brasileiras, o que eu acho muito interessante tanto para divulgar os nossos resultados quanto para fugir dos exemplos dos livros importados.

Em especial recomendo que assistam o programa "Reciclando Inovação" com o caso da CBPAK. Essa é uma empresa que tenho acompanhado de perto atualmente e a tecnologia que desenvolveram para produzir embalagens biodegradáveis a partir do amido de mandioca é algo fantástico. E o melhor é que substituem as embalagens de isopor, que ficam por um bom tempo na natureza após o descarte.

Os vídeos podem ser baixados no Futuratec, canal de difusão mantido pelo Canal Futura.

Para ter um pouco mais de informações visitem esta notícia do site da FINEP.

Até a próxima!

2 de jan. de 2009

Quanto vale um start-up? Quanto vale um prêmio Nobel?

Ao olhar o site da The Economist hoje, me prendeu a atenção a chamada para um dos blogs, que dizia: "The value of a Nobel Prize. It's more than you think". O post no blog mostra que as empresas start-ups de biotecnologia, quando avaliadas pelo mercado em função de um IPO, tinham um aumento da ordem de 30 milhões de dólares pelo fato de ter um cientista ganhador de um prêmio Nobel como um de seus quadros. 
Resolvi dar uma olhada no artigo original publicado na NBER  sobre o qual o post foi elaborado e, apesar de ter lido bem superficialmente, deu para ver que as coisas não são apenas como relatado no post.  
Um ponto que é de grande interesse do LABINOVE é a questão de como realizar o valuation de uma start-up, questão essa que vem tomando várias formas e discussões bastante interessantes tanto nas vertentes mais ligadas às discussões de capital intelectual, ativos intangíveis etc. quanto nas vertentes mais financeiras, com as inúmeras críticas as ferramentas "tradicionais" como fluxos de caixa descontados e a crescente utilização de técnicas com base em opções reais, simulações, métodos de scoring etc.. É essa a questão central do artigo que avalia diversas empresas de biotecnologia em duas janelas de tempo e mostra que para indústrias novas, nas quais não existem disponíveis séries temporáis com informações que possam apoiar a identificação dos fatores que efetivamente contribuem para o valor da empresa, mecanismos que permitam sinalizar este valor são fortemente considerados pelo mercado. Neste artigo eles desenvolvem um modelo econométrico em que mostram como no primeiro período de tempo a sinalização de ter um ganhador do prêmio Nobel ligado à empresa gerava um aumento da percepção de valor e que este aumento não era totalmente apropriado por este cientísta, ou seja, era algo que gerava um saldo bastante positivo para para a empresa. Outro ponto a se notar é que a medida que a indústria evoluiu, o mercado passou a não mais perceber tanto valor neste fato, ou seja, o dinamismo da indústria e o aprendizado interferem diretamente em como os diferentes fatores são incorporados na valoração do start-up.
Vale a pena uma olhada mais detalhada no artigo, não apenas se prendendo nas perguntas de pesquisa que os autores se propõem a discutir mas na forma de pesquisa realizada, pois isso é um tema que temos que avançar bastante aqui no Brasil.

Até a próxima!

ShareThis